NOTÍCIAS & NOTAS

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

No mesmo lado da canoa, de Alda Graça do Espírito Santo (1926-2010)

Foi poetisa, ministra (da Cultura e da Informação), deputada e presidente da Assembleia Popular do seu país, São Tomé e Príncipe, cujo hino nacional escreveu.
Após a sua morte, a 9 de Março de 2010, o Governo são-tomense decretou cinco dias de luto.
Em Abril de 2009, aquando da homenagem a si prestada, por ocasião do seu 83º aniversário, declarou:
“Acho um exagero da vossa parte, porque eu não me considero monumento nenhum. O monumento é o povo, o monumento é o país, monumento é aquilo que nós queremos construir."

No mesmo lado da canoa

As palavras do nosso dia
são palavras simples
claras como a água do regato,
jorrando das encostas ferruginosas
na manhã clara do dia-a-dia.

Quero ser tambor, de José Craveirinha (1922-1908 )

«Nasci, a primeira vez, a 28 de Maio de 1922. Isto num domingo. Chamaram-me Sontinho, diminutivo de Sonto. Pela parte da minha mãe, claro. Por parte do meu pai, fiquei José. Onde? Na Avenida do Zichacha, entre o Alto Mae e como quem vai para o Xipamanine. Bairros de quem? Bairros de pobres. Nasci a segunda vez, quando me fizeram descobrir que era mulato. A seguir, fui nascendo à medida das circunstâncias impostas pelos outros».
José Craveirinha


Quero Ser Tambor

Tambor está velho de gritar
Oh velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
corpo e alma só tambor
só tambor gritando na noite quente dos trópicos.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Ser poeta - de Florbela Espanca (1894 - 1930)

"A poesia de Florbela caracteriza-se pela recorrência dos temas do sofrimento, da solidão, do desencanto, aliados a uma imensa ternura e a um desejo de felicidade e plenitude que só poderão ser alcançados no absoluto, no infinito. A veemência passional da sua linguagem, marcadamente pessoal, centrada nas suas próprias frustrações e anseios, é de um sensualismo muitas vezes erótico." (in http://www.astormentas.com/)
Eis um dos seus sonetos mais conhecidos:

Ser Poeta



Ser poeta é ser mais alto, é ser maior

Do que os homens! Morder como quem beija!

É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

CRIAR - poema de Agostinho Neto

Nascido em Angola, na véspera dos festejos do 35º aniversário da sua independência, "transpoetando" tem a honra de apresentar um poema do Presidente-poeta, por muitos considerado como o Poeta-maior do país: 

CRIAR

Criar criar
criar no espírito criar no músculo criar no nervo
criar no homem criar na massa
criar
criar com os olhos secos


Criar criar
sobre a profanação da floresta
sobre a floresta impúdica do chicote
criar sobre o perfume dos troncos serrados
criar
criar com os olhos secos

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Para sempre

No passado Dia de Finados, lembrei-me, em particular, da minha Mãe. 
E, como sempre acontece, a minha oração "para" ela foi a recitação, muximada, deste belo poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-19879:


Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?

sábado, 6 de novembro de 2010

Dois poemas de Victor Hugo


Comecei a estudar francês há mais de 40 anos e falo-o, com regularidade, há mais de 20. Dos poetas franceses que estudei, apreciei, sobremaneira, Victor Hugo (1802-1885).
Lembro-me bem de dois poemas seus (Le semeur e Mes deux filles), com os quais inauguro este despretensioso blog:

Le semeur

C'est le moment crépusculaire
J'admire assis sous un portail
Ce reste de jour dont s'éclaire
La dernière heure du travail.